O HPV, que significa Papilomavírus Humano, é um vírus bastante comum e é transmitido principalmente pelo sexo sem proteção. Existem vários tipos de HPV. Alguns causam verrugas genitais, enquanto outros estão ligados a câncer, como o de colo do útero, ânus, pênis, boca e garganta. O problema é que muitas vezes não há sintomas, o que permite que a infecção se desenvolva sem que a pessoa perceba.
Uma pesquisa chamada “Mitos e verdades sobre o câncer de colo do útero” foi feita pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a Tino Comunicação e o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). Esse estudo revelou que a conscientização e a prevenção do câncer de colo do útero são bem desafiadoras no Brasil. Foram entrevistadas 831 mulheres de 18 a 45 anos de diferentes classes sociais.
Os dados da pesquisa mostram que seis a cada dez mulheres não têm certeza sobre os riscos do HPV. Por exemplo, 57% delas não sabem que a maioria dos casos de câncer de colo do útero é provocada pelo HPV. Além disso, 32% das entrevistadas têm pouco conhecimento sobre as formas de prevenção dessa doença.
Por isso, é urgente que a informação sobre a vacina do HPV chegue a mais pessoas. Um infectologista, Alberto Chebabo, aponta que a baixa adesão à vacinação prejudica a eliminação do câncer de colo do útero. Segundo ele, vacinar-se não é só uma ação de prevenção; é uma forma de reduzir as mortes desse tipo de câncer no Brasil.
Agora, vamos conferir as principais verdades e mitos sobre o HPV.
1. Mais de 95% dos casos de câncer de colo do útero são causados pelo HPV
Verdade. O HPV realmente é a principal causa do câncer de colo do útero. Segundo a ginecologista Martha Calvente, tipos de HPV de alto risco, especialmente os 16 e 18, são responsáveis por praticamente todos os casos da doença.
Geralmente, o sistema imunológico consegue eliminar o HPV em até dois anos. Contudo, em algumas situações, o vírus fica escondido no colo do útero. Quando isso acontece, o DNA do HPV pode criar lesões perigosas chamadas Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC), que podem ser de baixo e alto grau. As de alto grau têm mais chance de evoluir para um câncer invasivo.
O processo de transformação de uma lesão em tumor é demorado e pode levar anos. Por isso, o exame Papanicolau (ou preventivo) é tão importante. Ele ajuda os médicos a detectar alterações precoces, possibilitando um tratamento antes que a doença se desenvolva.
2. Mesmo quem usa preservativo não está totalmente protegido contra o HPV
Verdade. Usar preservativos, tanto masculinos quanto femininos, é importante, mas não garante 100% de proteção contra o HPV. O vírus pode ser transmitido através do contato pele a pele em áreas não cobertas pela camisinha, como a região pubiana e a base do pênis.
Por isso, a melhor maneira de se proteger é se vacinar. Além disso, o uso de preservativos ajuda a prevenir outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como HIV e sífilis.
3. O HPV atinge só quem tem vários parceiros sexuais
Mito. Qualquer pessoa que seja sexualmente ativa pode contrair o HPV, mesmo quem teve apenas um parceiro ao longo da vida. O vírus é comum e pode ficar adormecido por anos no corpo. Também pode ser detectado muito tempo depois da infecção inicial. Assim, não dá pra associar a presença do vírus a infidelidades ou múltiplos parceiros. O fundamental é fazer acompanhamento médico e garantir a vacinação.
4. O HPV só afeta mulheres; homens só transmitem o vírus
Mito. O HPV afeta tanto homens quanto mulheres. Ambos podem transmitir e desenvolver doenças graves se contraírem o vírus. Apesar da ideia de que o HPV é só um problema feminino, ele pode causar câncer de pênis, boca e garganta nos homens. Por isso, é importante que eles se vacinem para se proteger e ajudar a controlar a transmissão do vírus.
5. Se eu tiver HPV, perceberão logo
Mito. A verdade é que cerca de 80% das infecções por HPV não apresentam sintomas. Ou seja, a pessoa pode ter o vírus e não saber. Isso torna o acompanhamento médico ainda mais necessário.
6. O HPV não tem cura
Depende. Algumas pessoas conseguem eliminar o vírus naturalmente do corpo. Além disso, lesões provocadas pelo HPV, como verrugas ou lesões pré-cancerígenas, podem ser tratadas com bons resultados. A dificuldade em afirmar que o HPV tem cura total está no fato de que o vírus pode ficar latente nas células e reativar-se.
Por isso, a vacinação continua sendo essencial como forma de prevenção.
7. A vacina contra o HPV é perigosa
Mito. A vacina é segura e eficaz, com a aprovação de várias autoridades de saúde, incluindo a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde do Brasil. Desde a sua aprovação em 2006 e a inclusão no calendário de vacinação pública em 2014, a vacina passou por intensos testes de segurança e é monitorada continuamente.
Essa informação é crucial para desmistificar o HPV e suas consequências. A vacinação é uma aliada poderosa na luta contra o câncer de colo do útero e outras doenças relacionadas ao HPV.
