O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma data muito significativa para pensarmos sobre como o racismo está presente em nossa sociedade. Também é uma oportunidade para refletirmos sobre como cada um pode contribuir para uma comunicação que seja mais inclusiva.

No Brasil, onde mais da metade da população se identifica como negra, combater o racismo é uma tarefa de todos. Isso inclui a forma como nos comunicamos. A comunicação respeitosa e inclusiva tem um papel essencial na construção de ambientes que respeitam e valorizam a diversidade.

Ser antirracista envolve não só evitar comentários ou palavras que possam ofender, mas também adotar uma postura proativa que busca eliminar preconceitos. Uma maneira de fazer isso é retirando do nosso vocabulário termos que têm raízes racistas e que fomentam discriminação.

Com apoio de uma consultoria especializada, apresentamos aqui 10 sugestões de trocas de termos que ajudam a evitar expressões que reforçam estereótipos raciais. Vamos a elas?

### 1. “A coisa está preta” ➔ “A situação está complicada”

Trocar essa expressão evita a associação negativa do termo “preta”. Ao substituir, mantemos a ideia de que algo está difícil, mas sem essa conotação negativa.

### 2. “Denegrir” ➔ “Difamar” ou “Prejudicar”

O termo “denegrir” traz uma relação racista ao conectar “escurecer” a algo ruim. Usar “difamar” ou “prejudicar” passa a mesma mensagem, porém, sem reforçar estereótipos indesejados.

### 3. “Mercado negro” ➔ “Mercado ilegal”

Essa mudança é importante. Ao invés de vincular “negro” a algo ilegal, a expressão “mercado ilegal” comunica a mesma ideia sem associar uma cor a algo negativo.

### 4. “Lista negra” ➔ “Lista de bloqueio” ou “Lista de restrições”

Ao substituir a expressão, evitamos associar “negro” a algo ruim ou indesejável. Usar termos mais neutros é uma forma de garantir um diálogo mais respeitoso.

### 5. “Serviço de branco” ➔ “Trabalho bem-feito”

A expressão “serviço de branco” sugere que somente pessoas brancas fazem um bom trabalho, o que não é verdade. Trocar pela frase “trabalho bem-feito” comunica qualidade sem preconceitos.

### 6. “Inveja branca” ➔ “Inveja leve” ou “Inveja saudável”

Esse termo associa a cor branca a algo positivo, tornando-se problemático. Usar “leve” ou “saudável” comunica a mesma ideia de maneira inclusiva, sem reforçar estereótipos.

### 7. “Colocar preto no branco” ➔ “Documentar por escrito” ou “Formalizar”

A expressão original pode ser substituída por “documentar” ou “formalizar”, evitando qualquer associação racial e focando na ação que se deseja realizar.

### 8. “Trabalho de escravo” ➔ “Carga de trabalho excessiva”

Falar de escravidão como uma metáfora para trabalho é desrespeitoso. Termos como “carga de trabalho excessiva” ou “volume de trabalho elevado” são mais apropriados.

### 9. “Cabelo ruim” ➔ “Cabelo crespo” ou “Cabelo afro”

O termo “ruim” carrega uma conotação negativa. Usar “cabelo crespo” ou “cabelo afro” descreve as características de forma respeitosa e positiva.

### 10. “Escravo da moda” ➔ “Vítima da moda”

Utilizar a escravidão como metáfora para algo do cotidiano desrespeita a gravidade do tema. O termo “vítima da moda” mantém a ideia sem fazer alusão a um passado triste.

Essas mudanças no dia a dia podem parecer pequenas, mas têm um grande impacto na criação de uma cultura social e organizacional mais acolhedora e humanizada. Trocar palavras é um convite ao respeito. Quando todas as partes de uma empresa, ou mesmo uma comunidade, valorizam a identidade e a diversidade de cada um, criamos um lugar onde as pessoas se sentem representadas e bem-vindas.

Vamos juntos refletir sobre a importância de um vocabulário que não apenas se abstenha de preconceitos, mas que também promova a inclusão de verdade. Essa mudança começa em nós e nas palavras que usamos. Ao longo do tempo, cada pequena ação e ajuste pode colaborar para um Brasil mais justo e igualitário para todos.

Por isso, no Dia da Consciência Negra, lembremos que essa data não é só para lembrar do passado, mas também para construir um futuro melhor e mais justo. A mudança começa agora, com a nossa vontade de aprender e de nos adaptar.

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Formada em letras pela UNICURITIBA, Cristina Leroy começou trabalhando na biblioteca da faculdade como uma das estagiárias sênior. Trabalhou como revisora numa grande editora em São Paulo, onde cuidava da parte de curadoria de obras que seriam traduzidas/escritas. A 4 Anos decidiu largar e se dedicar a escrever em seu blog e sites especializados.